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Etiópia pelas lentes da historiadora


terramundi - 13 de maio de 2020 - 0 comments

Lia Aquino é uma cliente muito querida. Nos conhecemos em 2014 e de lá para cá planejamos várias de suas aventuras. Lia é historiadora, mestre em História e pesquisadora de habitações populares. Desde o primeiro contato, nos chamou a atenção sua curiosidade e disponibilidade em conhecer o diferente. Lia parecia querer fugir do que todo mundo sempre fazia. Ao longo dos últimos 6 anos, ela viajou para muitos lugares, mas a convidamos para falar de um em especial: a história da Etiópia.

“Sempre tive interesse pela África, sua história, suas culturas. Não é de se estranhar, uma vez que sou brasileira e, como tal, tenho minha história ligada àquele continente. Nossa cultura é, desde sempre, devedora às suas raízes africanas e este fato, alinhado à minha profissão de historiadora, levou-me a desejar esse contato mais íntimo.

A história da Etiópia

Uma viagem à Etiópia contemplava essa necessidade de beber na fonte, de me misturar com uma África que, não só estava associada ao processo histórico brasileiro, mas ligada à origem humana, como berço de um dos mais antigos humanoides: Lucy, cujo fóssil se encontra no Museu de Addis Abeba. Imaginem minha emoção ao ver seus restos mortais. Abaixo está a reconstituição de como seria o esqueleto de Lucy em proporções reais.

 

História da Etiópia. Lucy.

 

Na primeira noite em Addis Abeba tive a experiência de participar da cerimônia do café, ponto alto da cultura etíope. Preparar o café, servi-lo e compartilhá-lo faz parte da vida cultural e social no país. Este ritual é uma prática obrigatória em toda família e, se você é convidado a participar, sinta-se honrado.

O cerimonial é longo e feito com arte, sempre por mulheres, em um braseiro previamente preparado com mirra, onde se faz a torra dos grãos em sucessivas etapas. Depois é servido acompanhado de pipoca.

Seguindo para o sul do país visitei diversas tribos que ainda vivem em casas de palha (ou outro elemento natural) nas áreas rurais. Interessante observar a quantidade de crianças que, aliás, surgem e abordam o visitante, querendo conversar e abraçar e pedindo caramelos e canetas. Fácil entender os caramelos, já que são apreciados por qualquer criança ocidental, mas as canetas me chamaram a atenção, assim como a existência de escolas em número considerável em um esforço do governo para prover educação a todos. Interessante observar que não só as crianças gostam de conversar, mas também os adultos, que são muito receptivos e gentis.

 

História da Etiópia. Tribos.

 

A história da Etiópia é fortemente marcada pela religião. É uma experiência incrível visitar as igrejas escavadas em rochas em Lalibela, que são Patrimônio Cultural da Humanidade. O interior destas igrejas são fantásticas obras de arte. Os etíopes são, em sua maioria, cristãos ortodoxos e convivem em harmonia com as demais religiões presentes no país.

A cultura ancestral é preservada e ainda se manifesta em diversas ocasiões como, por exemplo, no ritual de passagem de um menino de 15 anos para poder se casar, que tive o privilégio de assistir. Foi interessantíssimo e durou a tarde inteira, tendo diversos ingredientes que podem ser estranhos a um ocidental, mas que compõem aquela cultura lindamente”.

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