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O charme multifacetado de Túnis


terramundi - 3 de março de 2023 - 0 comments

A Tunísia, muitas vezes negligenciada em favor de potências turísticas como Marrocos e Egito, tem um pouco de tudo: de ruínas romanas a resorts de praia. E Túnis, sua capital, é uma bela surpresa:  cosmopolita, cheia de história, boa mesa, arte e vida em geral, a cidade vai te conquistar. 

 

A medina

É ali o coração da cidade. A medina foi fundada há mais de 1.300 anos e consiste em um labirinto denso, com ruas bem estreitas, repletas de souks – que são os mercados especializados em diferentes ofícios, que vão de metalurgia a artigos de couro e ervas medicinais. Felizmente, ao contrário dos vizinhos que são destinos mais visitados, como o Marrocos, onde os vendedores são tão insistentes que os viajantes se incomodam, na medina de Túnis é possível andar despreocupado, sem grandes perturbações.

As transições entre cada souk são repentinas: em um segundo você está em uma loja de perfumes em que os perfumistas misturam plantas desde 1200 e no outro está cercado pelos vestidos elaborados usados ​​nos casamentos da Tunísia. Em uma caminhada você encontra um homem tocando oud, um instrumento de cordas semelhante a um alaúde, enquanto por outra janela você passa por uma escola de música e ouve um professor e um grupo de alunos trocando refrões cantados. 

Por ali há também restaurantes onde você vai encontrar grupos de amigos sentados em torno de mesas lotadas e tomando chá de menta. E, claro, os gatos que estão por todo lado: cochilando nas varandas de portas azuis e amarelas elaboradamente ornamentadas; andando em uma dúzia de pessoas, bem no meio da rua; escondidos nas lacunas formadas por tijolos perdidos.

As pessoas vivem e trabalham na Medina, por isso existem mesquitas e mausoléus onde os fiéis muçulmanos vêm prestar suas homenagens aos túmulos de importantes figuras religiosas da Tunísia. Na Mesquita Al-Zaytuna, a mais antiga de Túnis, o adhan, ou chamado à oração, é feito à moda antiga. O muezim sobe ao minarete na hora da oração e canta.

E toda essa dança coreografada e, ao mesmo tempo, caótica, perde ritmo com o final do dia. Como um interruptor de luz se apagando, a Medina se transforma repentinamente após o anoitecer. Os souks se fecham em um coro de persianas de metal e aqueles que se hospedam na região podem desfrutar do silêncio.

 

História que se mistura ao urbano

Túnis está repleta de história: os mausoléus da medina que permaneceram inalterados por séculos; as ruínas romanas no local original de Cartago, os subúrbios do nordeste da cidade, e, claro, o Museu Nacional do Bardo, um amplo palácio do século XIX que abriga uma das maiores coleções de mosaicos romanos do mundo.

Infelizmente, ele é mais conhecido pelos estrangeiros como o local onde ocorreu o terrível ataque terrorista em 2015. No entanto, hoje é protegido e é um visita obrigatória a qualquer viajante.

 

Respiro de arte

Após a Primavera Árabe, jovens artistas e empresários tunisianos formados no exterior voltaram em massa ao país. Há galerias de street arte e também diversos músicos locais que desenvolvem trabalhos com raízes tunisianas aparentes, como “Lila Fi Tounes” de Deena Abdelwahed, uma versão experimental e eletrônica do padrão de jazz “A Night na Tunísia.”

Boa mesa

A culinária tunisiana é um reflexo de sua história: árabes, romanos, sicilianos, bizantinos, berberes e outros, em algum momento, chamaram esta terra do Mediterrâneo de casa. E tudo isso é perceptível na hora das refeições. A mesa tunisiana às vezes é farta, outras vezes delicada. Os pratos podem ser picantes, mas também apresentam um pouco de doçura. 

O famoso lablabi é uma mistura engenhosa que envolve pegar pedaços de pão e mergulhá-los em um caldo temperado de grão de bico com pasta de pimenta harissa. É o tipo de comida reconfortante que você pode comer, comer e comer – e se deliciar a cada mordida. Um bom lugar para provar este prato típico é a barraquinha despretensiosa Chez Naceur, no descontraído bairro de La Goulette. Para jantar com uma vista panorâmica de Túnis, uma boa pedida é o terraço do Dar El Jeld, onde é possível provar versões modernas de pratos tradicionais da Tunísia, regado com vinho local.

 

Pelos arredores de Túnis

Nem só da Medina vive a capital tunisiana. Em seus arredores, Sidi Bou Said fica em um lado de uma baía que se abre para o Golfo de Tunis. O clima é diferente por ali, praiano, com ruas inclinadas, galerias de arte independentes e cafés em coberturas, onde você pode beber um chá de menta enquanto assiste o sol se pôr. A paisagem por ali remete bastante aos cenários das ilhas gregas, inclusive na paleta de cores azuis e branca. Talvez por isso pareça que Sidi Bou Said é mais popular entre os turistas que a própria cidade de Tunis – é por lá onde estão as multidões.

 

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