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Como um projeto tem libertado as Maldivas do uso de plástico


terramundi - 24 de fevereiro de 2021 - 0 comments

É muito provável que você já tenha visto por aí alguma imagem do imenso mar azul turquesa que banha as Ilhas Maldivas. O clima de paraíso, tranquilidade e natureza exuberante faz com que o arquipélago seja parte do sonho de viagem de muitas pessoas no mundo todo. O que poucos sabem é que, por trás da imagem de destino idílico, o turismo na região fez com que as águas cristalinas das Maldivas fossem abundantes também em microplástico. E, pensando nisso, o Soneva Fushi, resort que se preocupa com a sustentabilidade de seu negócio e com a saúde do arquipélago, iniciou uma parceria que tem transformado o uso de plástico por lá.

 

Soneva Namoona Baa: o ‘não’ para o uso de plástico

É possível que não haja nenhum lugar remanescente no planeta intocado pelo plástico. Um copo usado apenas uma vez que vai para o lixo, um canudo jogado fora a cada novo drink e até mesmo resíduos de roupas e cosméticos contém o material. Nas últimas décadas, o uso de plásticos que duram apenas uma vez e depois são descartados agravou a poluição das águas do mundo.

O Soneva Namoona Baa é um projeto lançado pelo eco resort de luxo Soneva Fushi em parceria com a ONG internacional Common Seas e em colaboração com o governo das Maldivas e três ilhas locais – Maalhos, Dharavandhoo e Kihaadhoo. “Namoona se refere a algo exemplar, ideal, uma exceção. É um nome adequado para a iniciativa porque, de muitas maneiras, este projeto é uma exceção a um projeto típico de Responsabilidade Social Corporativa. Começando pelos tipos de parcerias envolvidas (setor privado, governo, doadores internacionais e comunidade local); as formas de trabalhar (as necessidades das comunidades estão no centro deste trabalho); ênfase na apropriação local e capacitação; e a ambição por trás do projeto é tudo menos típica”, conta Khady Hamid, a co-fundadora do Namoona.

A parceria proporcionou uma reformulação radical do uso de plástico, demonstrando uma maneira de lidar com resíduos que pode beneficiar todo o país e servir como modelo para outros pequenos estados insulares. 

Veja os três passos que o projeto utiliza como base:

Garrafas de vidro com água substituem o uso de plástico nas Maldivas.

Garrafas de vidro com água substituem o uso de plástico nas Maldivas. Crédito: Soneva

 

1. Reduzir

“Lidar com o volume atual de resíduos plásticos descartáveis ​​é caro para as comunidades, desagradável para os turistas e prejudicial aos peixes. Os itens mais comumente encontrados nas praias das Maldivas são garrafas plásticas, fraldas descartáveis, pontas de cigarro, canudos e sacolas plásticas, então já sabíamos por onde começar”, relata Jo Royler, fundadora do projeto e membro da ONG Common Seas. Para alcançar o primeiro objetivo, seguiram então três diretrizes:

  • Desde o início do projeto, houve uma colaboração entre os resorts, hotéis e membros dos Conselhos das três ilhas que a parceria abrange para pressionar o governo do país a introduzir medidas que proíbem o uso de plásticos descartáveis específicos;
  • Eliminaram o uso de garrafas plásticas de água e substituíram pela dessalinização da água do mar, que depois é comportada em garrafas de vidro reutilizáveis;
  • Diminuíram o uso de fraldas descartáveis ao incentivar aquelas reutilizáveis e oferecerem uma lavanderia para higienizar este tipo de item.

 

2. Reciclar

Após implementarem as medidas de redução do uso de plástico nas três ilhas, inauguraram Eco Centros com o objetivo de diminuir o desperdício e reaproveitar o máximo possível dos resíduos. “Uma das coisas que podemos fazer no Eco Centro no Soneva Fushi é experimentar novas ideias. Estamos constantemente tentando novas maneiras de transformar resíduos em algo útil e, de certa forma, somos como uma pequena incubadora”, conta Gordon Jackson, o gerente da área de Waste-to-Wealth (do desperdício para a riqueza). 

 

Redução do uso de plástico. Lixo em Thilafushi, uma das ilhas nas Maldivas.

Lixo em Thilafushi, uma das ilhas nas Maldivas.

 

Grande parte dos resíduos plásticos, por exemplo, foram transformados em roupas esportivas. Com isso, também conseguiram reduzir a quantidade de lixões a céu aberto, onde os resíduos plásticos eram queimados, poluindo ar e água.

3. Inspirar

Como último passo do método implementado pelo projeto Soneva Namoona Baa, eles buscaram plantar a semente para que as próximas gerações sigam conscientes e atuando em prol da saúde do arquipélago. A parceria realiza isso de três formas:

  • Estimulando o contato das crianças com o oceano, para que criem um laço afetivo com as águas das Maldivas e se tornem guardiões no futuro. São oferecidas aulas de natação, mergulho com snorkel e surf;
  • Desafio zero lixo: uma competição entre as escolas locais para engajar os alunos;
  • Certificado de escolas Namoona, o que garante que são instituições ecológicas.

 

Garota mergulha no oceano das Maldivas, livre do uso de plástico.

Crédito: Soneva.

 

 

 

 

 

 

 

Passo a passo, o Soneva Namoona Baa se tornou um projeto que envolve os moradores das três ilhas, o governo do país e instituições que se preocupam com a sustentabilidade do turismo local. “Se trabalharmos juntos, temos a certeza de que podemos criar o ambiente certo para que as Maldivas sejam o país mais progressista do mundo em relação ao plástico descartável”, acredita Sony Shivdasani, acionista e CEO do Soneva.

O projeto conta, então, com a participação de pessoas que usam sua expertise e criatividade para desafiar o conceito de desperdício e nutrir uma nova geração de indivíduos que cuidam do meio ambiente. É por meio da atuação deles  que se torna possível conhecer mais sobre a única e pouco conhecida cultura das Maldivas e olhar para as ilhas para além dos resorts de luxo.

“Não se trata apenas de educação, mas também de estar ciente do que está ao seu redor”, afirma Raia Mustahafa, gerente da área de engajamento com a comunidade do Soneva.

 

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