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Uma experiência com pandas na China


terramundi - 28 de abril de 2020 - 0 comments

Relato da viajante Liana Gomes Pereira sobre sua viagem a Chengdu, província com pandas na China

Sempre estive envolvida com questões e instituições de proteção animal, então, para mim, uma viagem à China deveria necessariamente incluir, além do roteiro clássico, uma ida a Chengdu, na província de Sichuan, por um simples detalhe: pandas.

Chengdu tem um centro histórico maravilhoso, que vale a visita, mas é, também, o lar de quatro grandes bases de criação e reprodução de pandas gigantes. Dessas, apenas a de Dujiangyan, com seus trinta pandas gigantes e meia dúzia de pandas vermelhos permite um contato mais próximo com os animais.

E por contato mais próximo, esclareço: não estamos falando daqueles selfies com animais dopados que fizeram a (má) fama de outros países. O cuidado, ali, é enorme: é preciso muito trabalho voluntário, e muitas horas de palestras e vídeos, antes que se possa chegar perto de um panda na China.

Foram meses de pesquisa, para a realização de um sonho que não teria sido possível sem a inestimável contribuição do Paulo Koscak, da Terramundi, que organiza minhas viagens há quase oito anos. Tão preocupado quanto eu com o bem-estar dos animais, ele se juntou à minha busca, até termos certeza de que não estaríamos contribuindo com qualquer tipo de turismo ecológico nocivo.

Liana com pandas na China

O trabalho voluntário propriamente dito não é barato, e o dinheiro investido entra como “doação” para a manutenção da própria Base de pandas na China. São poucas vagas, por isso é necessário organizar tudo com muita antecedência, sabendo que, dependendo das condições do dia, e no intuito de preservar, sempre, a saúde dos animais, um encontro mais próximo com eles talvez não seja possível, já que o que o foco, ali, é o bem-estar dos pandas na China, e não dos humanos.

Meu dia na Base começou bem cedo, com vídeos de orientação e educação sobre o trabalho desenvolvido no local. Depois, devidamente paramentada com um “belíssimo” macacão azul, luvas, botas e uma penca de crachás, cortei, quebrei e carreguei muito bambu (a principal fonte de alimentação dos pandas), lavei habitats, varri, fiz de tudo um pouco, até ser convidada a alimentar um dos pandas adultos.

Falando em alimentação, as refeições dos voluntários, ali, são todas feitas no bandejão dos tratadores. A comida é simples, mas farta, e tão ou mais picante, como o é a verdadeira cozinha chinesa, que qualquer prato baiano ou indiano.

Depois do almoço, mais trabalho, mais palestras e, no fim do dia, a chance –que não faz parte do pacote – de chegar pertinho de um panda, o que rendeu a foto que ilustra esse texto, tirada apenas após devidamente liberada pelos tratadores e confirmado, por veterinários, que o animal estava bem, seguro e protegido.

Para mim, foi uma experiência quase religiosa, chegar tão perto de animais tão raros, e poder testemunhar o enorme e cuidadoso trabalho de preservação empreendido na Base. Fica a lembrança, inesquecível, e a certeza de que o esforço vale a pena e deveria, em qualquer grau ou escala, ser aproveitado, aqui, para proteção dos nossos micos-leões-dourados, gatos-maracajás e ararinhas azuis, dentre outros tantos hoje em risco.

Planeje sua viagem com a Terramundi

O turismo sustentável é uma preocupação que orienta o trabalho da Terramundi como operadora de viagens. Assim como a Liana, nosso intuito é promover um viajar responsável, que preserva ambiente e comunidades locais. Para uma viagem nesta linha, entre em contato.

 

 

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