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Tempo é o que você faz dele


terramundi - 13 de maio de 2021 - 0 comments

Tente pensar no mundo sem a contagem do tempo. Viver sem saber qual dia, mês e ano está – sem preocupação com aniversários, sem a necessidade de checar o relógio. A Terra toda ao seu redor vive assim. A natureza não sente medo do tempo se esgotar – há um ritmo inerente a tudo o que acontece, dos rios seguindo seu curso aos pássaros migrando de hemisfério. E, nesse ritmo, acreditamos que tempo é o que se faz dele.

Há quem compreenda que este também é o nosso ritmo, afinal somos partes do mesmo todo. Mas há também quem se mova com base no tique-taque de uma caixinha presa ao pulso. O tempo é visto sob uma ótica particularmente diferente de país para país, cultura para cultura.

Tailandeses não enxergam o tempo da mesma forma que os japoneses. Britânicos não compartilham a mesma visão em relação ao tempo que os habitantes de Madagascar. Estados Unidos e México diferem nas crenças sobre a passagem do tempo e a maneira como lidam com isso. Para uns, o futuro se estende pela frente. Para outros, ele flui do que vem de trás. E, dessa forma, o conceito acaba se tornando algo subjetivo: tempo é o que se faz dele.

Hoje, trazemos duas maneiras de encarar o tempo: de forma linear ou cíclica.

 

O tempo linear

 

Tempo é o que faz dele. Mulher com braços estendidos deixa escorrer areia por suas mãos.

 

Em uma sociedade voltada para o lucro, o tempo é uma mercadoria preciosa, mesmo escassa. Ele flui rápido, como um rio com correnteza, e se você quiser se beneficiar com sua passagem, terá de se mover rápido com ele. Nessa lógica, tempo e ação estão conectados: cada minuto deve ser produtivo, de forma a não desperdiçar o tempo. 

O passado já acabou. Você tem o presente sempre voltado para algo que quer construir no futuro – a presença não é algo realmente aproveitado, pois parece que sempre se está buscando algo que ainda será atingido. É uma lógica desgastante, mas tão internalizada que muitas pessoas nem percebem que vivem contra o relógio.

No tempo linear, há um grande senso de imediatismo, que quando aplicado à sociedade capitalista, pode fazer sentido. Mas se torna bastante ilógico em outros modos de viver.

 

O tempo cíclico

 

Tempo é o que faz dele. Pedras negras de formato oval e finas estão empilhadas uma sobre a outra, formando uma torre. No fundo, vegetação verde.

 

Cada dia o sol nasce e se põe; as estações se sucedem no decorrer dos meses; os corpos celestes giram ao nosso redor; as pessoas nascem, envelhecem e morrem. O tempo cíclico não é uma mercadoria escassa. Parece sempre haver um pouco mais dele a vir. O ritmo, então, é outro.

No tempo cíclico, há um grande senso de pertencimento. Faz-se parte daquele todo, respeita-se o compasso dos acontecimentos, porque o tempo passado teve um papel importante no que acontece agora. Nem um minuto é desperdiçado – e não porque as pessoas estão produzindo incansavelmente, mas porque entendem que a pausa também faz parte do movimento.

Sabemos que este ciclo se estende por séculos. As mesmas oportunidades, riscos e perigos se apresentarão quando as pessoas forem tantos dias, semanas ou meses mais sábias. Há um sinal de expansão e depois de retração tão natural quanto o ritmo ditado pela natureza. Um ciclo gera outro e assim por diante. A presença, então, é valorizada. 

 

Essas são apenas duas formas de sumarizar as incontáveis relações dos seres humanos com a passagem do tempo. Não há respostas para perguntas sobre como lidar com isso. Afinal, o tempo é que o se faz dele, como se encara a vida. É como uma dança em que estamos inscritos. Reaprendendo e reinventando os passos. Atento e lento – mas sempre em movimento.

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