Quando um destino popular está constantemente cheio de turistas e torna a vida local insustentável. É esse o significado do termo overturismo, um fenômeno que ganhou a atenção do setor de viagens nos anos antes da pandemia. O problema não é viajar demais – nos colocar no mundo faz com que possamos aprender mais. A grande questão do overturismo é quando todo mundo vai para os mesmos lugares ao mesmo tempo. Essas tensões em destinos afetados pelo overtourism levam a necessidade de mudar o pensamento dos viajantes, intensificar a formulação de políticas e atenção acadêmica em busca de maneiras mais sustentáveis de viajar.
O que é overturismo?
O overtourism às vezes é simplesmente um caso de números: há muitas pessoas em um determinado lugar em um determinado momento. Quando os preços dos aluguéis crescem e fazem com que os moradores locais mudem de bairro para abrir caminho para hotéis e casas de férias, isso é overturismo. Quando estradas estreitas ficam congestionadas com veículos turísticos, isso é overturismo. Quando a vida selvagem é espantada, quando os turistas não conseguem ver os monumentos por causa das multidões, quando os ambientes frágeis se degradam – todos esses são sinais de overturismo.
Navios de cruzeiro foram responsáveis por danos ambientais significativos às hidrovias e lagoas da Veneza. Faltou luz e água nas famosas ilhas gregas Mikonos e Santorini. A praia mais famosa da Tailândia, Maya Bay, foi fechada de forma temporária por conta do desgaste do ecossistema. Alguns casos de overtourism se tornaram evidentes nos últimos anos, com a população e governos desses locais agindo contra os turistas.
Foi o que aconteceu especialmente na Europa: Veneza, Barcelona e Amsterdã são cidades bastante movimentadas pelo turismo onde moradores se mostraram contra a atividade predatória. Houve passeatas nas ruas, grafites que diziam “Turista, volte para casa” e, em alguns casos, as autoridades locais responderam aumentando as taxas, recusando-se a emitir licenças para negócios mais voltados para o turismo nos centros das cidades e até fechando ilhas inteiras aos visitantes. Foram essas respostas que viraram notícia.
Como resultado, algumas medidas foram tomadas. Entre 2018 e 2019, as autoridades turísticas holandesas decidiram parar de anunciar o País como destino turístico e o letreiro I amsterdam foi removido. Machu Picchu e Veneza investiram na limitação de visitantes diários. O Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha, que abrange as principais praias da ilha, implementou uma taxa a ser paga pelos visitantes.
O papel das redes sociais
“Este lugar seria tão impactado quanto agora se não fosse pelo Instagram, Facebook, Twitter, TikTok ou Pinterest?”. Há poucas dúvidas de que a mídia social desempenha um papel essencial na promoção de vários destinos. Pode ser um canto tranquilo e pouco frequentado, mas quando cai nas redes, há grandes chances de que mais pessoas seguirão aquele caminho.
Com posts e curtidas, é possível tornar locais em destinos de viagem – o que, quando feito sem planejamento e estrutura, compromete recursos significativos e traz impactos ambientais e sociais. A mídia social, como qualquer ferramenta ou tecnologia, pode ser uma força para o bem ou pode ter o efeito oposto.
O que os turistas podem fazer para evitar o overturismo?
Não são só os destinos e moradores locais os afetados pelo fenômeno – todo mundo que viaja já sentiu os efeitos do overturismo: filas monstruosas nas atrações; a impossibilidade de ver de perto alguma obra, como a Monalisa no Louvre; a decepção absoluta com uma paisagem que, ao invés de ser incrível como nas fotos, está cheia de cabecinhas na frente na vida real. Só que ao mesmo tempo que estamos incomodados, somos também a causa.
O turismo responsável se refere ao turismo que cria lugares melhores para as pessoas viverem e visitarem – com ênfase no viver. Portanto, por definição, é o oposto do overturismo, que diminui a qualidade de vida dos moradores locais e cria uma experiência negativa para os visitantes. Adotar uma abordagem mais responsável em relação ao turismo pode mitigar os efeitos negativos.
Saia da rota comum
Barcelona está abarrotada e muitos de seus residentes estão compreensivelmente fartos, mas a Espanha é um país surpreendentemente grande e muitas de suas cidades não estão cheias de turistas. Melhor ainda, dirija-se às aldeias e montanhas para ter uma visão real do país longe das hordas principais. Você não apenas terá uma visão muito mais realista da vida cotidiana na Espanha; mas em muitos pequenos pueblos você será bem recebido como um dos poucos turistas a chegar. Existem muitos lugares no mundo que precisam e desejam mais turistas.
Busque viajar fora das temporadas
Se você realmente deseja passear pelas cidades mais conhecidas e visadas, então você deve considerar períodos alternativos, fora da alta temporada. Isso é mais agradável para você, menos estressante para os residentes, coloca menos pressão em coisas como o transporte público e pode até auxiliar a economizar um pouco de dinheiro também.
Inspire-se
E não necessariamente nas redes sociais. Converse com amigos que possuem interesse em comum, busque a consultoria de agências especializadas em viagens pelo mundo todo, veja filmes e leia livros sobre diferentes países. Dessa maneira, você estimulará seus próprios desejos de viagem – e não precisará seguir a lista dos destinos mais instagramáveis.
Personalize a sua viagem
Planejar um roteiro sob medida, de acordo com o perfil do viajante, o momento da viagem e as possibilidades do local é essencial para colocar em prática o conceito de turismo sustentável. Esse planejamento cuidadoso, personalizado e amplo é o que permite concretizar essa experiência transformadora, afinal nada como ter as informações adequadas sobre hospedagem, passeios, povo, cultura, gastronomia – tudo o que influencia diretamente na vivência que você terá.
