Os neozelandeses vestem cultura

Ao viajar pela Nova Zelândia, a estilista Helo Rocha notou como a cultura maori ganha espaço na moda e no design do país – e em harmonia com influências dos colonizadores britânicos, como o uso da lã merino, tida como a melhor do mundo

Último país a ser povoado no planeta, a Nova Zelândia é reconhecida como um destino cool, voltado para o futuro, high-tech. Ainda que tenha população, imagem e alma jovens, a pequena nação da Oceania valoriza cada vez mais seu passado. Especialmente as duas principais heranças genéticas: a dos maori, primeiros desbravadores polinésios que teriam chegado ali por volta dos anos 1300, e a dos britânicos, que começaram a povoação, de fato, só no século 19.

A estilista Helo Rocha, convidada pelo Projeto Terramundi Creators a observar a Nova Zelândia com seu olhar atento a moda, design e estilo, notou bem essa mistura harmônica das origens neozelandesas em suas experiências tanto na Ilha Norte quanto na Ilha Sul. Diretora criativa da Atelier Le Lis, linha especial de alta costura da grife Le Lis Blanc, ela percorreu uma rota que alia a nova economia criativa do país com outra de suas paixões: a natureza. “É dos elementos naturais que vêm boa parte da minha inspiração para criar”, diz Helo.

 

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Helo Rocha ficou encantada com o uso de pedras e conchas costuradas à mão em estruturas de palha nos trajes tradicionais, que conheceu ao visitar o Te Puia, Centro de Cultura Maori em Rotorua. A cidade fica na Ilha Norte e é considerada a capital da população maori no país. No Te Puia, além de conhecer as escolas de tecelagem e de escultura em madeira e em pedra – todas abertas ao público –, Helo teve tatuado um símbolo maori no braço. A tatuagem foi feita por Arekatera Maihi, o Katz, um dos poucos líderes atuais que preserva o hábito maori secular de ter todo o rosto tatuado.

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Também o design contemporâneo tem valorizado as raízes maori, como Helo Rocha conferiu ao conhecer de perto o trabalho dos jovens joalheiros da grife Mountain Jade e da estilista Adrienne Whitewood. Uma das maiores revelações da nova geração de estilistas do país, a maori Adrienne usa seu conhecimento familiar para compor os tecidos, texturas e grafismos das peças da grife que leva seu nome.

 

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Há 7 anos pouca gente valorizava a cultura maori, as pessoas só conheciam a kappa haka
do All Blacks dos jogos de rugby. A beleza da nossa arte começou a ser popularizada
lá fora por estrangeiros como o estilista Jean Paul Gautier, o músico Ben Harper
e a grife Coco Chanel, que começaram a usar nossas referências em seu trabalho.
Hoje os neozelandeses se orgulham dessa faceta da nossa identidade nacional.

Adrienne Whitewood, estilista

 

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Dos colonizadores britânicos a Nova Zelândia herdou, assim como a língua e o rugby, também sua tradição rural pastoril. Por todo o país, campos pontilhados de ovelhas embelezam as paisagens do interior. Para interessados na cultura têxtil, como Helo Rocha, o destaque dessa produção são as ovelhas da raça merino. “Ela é considerada uma das melhores lãs do mundo, se não a melhor, e por isso custa caro”, diz Helo. Ao viajar a Queenstown, no Sul do país, Helo teve a oportunidade de conhecer o processo da produção na Fazenda Walter Peak.

 

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Temos o privilégio de criar cerca de 20 mil ovelhas merino nesta geografia especial
à beira do Lago Wakatipu. São 24.000 hectares de terra que pertencem à família
Mackenzie desde 1860. E nos orgulhamos de receber bem e de mostrar nosso
cuidado para produzir a melhor lã do mundo – uma lã que dura, que não pega
cheiro e que tanto aquece quanto refresca o corpo.

James Clouston, fazendeiro

 

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Em um cenário que contrasta o campo repleto de ovelhas, o lago Wakatipu bem azul e os picos nevados de 800 metros de altura, Helo Rocha teve um panorama da rica cultura têxtil da Nova Zelândia. Dessa vez, a tradição inglesa fazia a diferença. A boa acolhida do gerente James Clouston, da Fazenda Walter Peak, de Queenstown, tinha uma feliz semelhança com a recepção da estilista, do tatuador e dos joalheiros maori de Rotorua: em todos os casos, os anfitriões receberam Helo Rocha de braços e sorrisos abertos. Estavam orgulhosos por exibirem as diferentes origens da cultura neozelandesa.

 

 

 

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O relato detalhado e as imagens das jornadas dos quatro viajantes podem ser conferidos em outros posts neste blog do Projeto Terramundi Creators. Outras narrativas inspiradoras pessoais estão no Instagram de BelaHeloBobRony e da Terramundi, assim como nas reportagens produzidas pela mídia. Os quatro roteiros criativos produzidos a partir da experiência deles já estão disponíveis. São experiências de uma Nova Zelândia única feita sob medida pela Terramundi.

 

Texto | Daniel Nunes Gonçalves

Imagens | Victor Affaro

Produção | The Upper Air

Parceria | Turismo da Nova Zelândia e Air New Zealand

 

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