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A floresta inundada de Mamirauá


terramundi - 13 de janeiro de 2021 - 0 comments

Em meio a Floresta Amazônica, a cerca de 600km de Manaus, há um lugar singular. Chavascais e restingas desaparecem de 7 a 15 metros de profundidade abaixo d’água e dão lugar a uma junção de lagos, lagoas, rios e paranás – é a maior região de floresta inundada protegida do mundo, a reserva de Mamirauá. Por cerca de seis meses durante o ano, assim se mantém o cenário. 

A reserva é parte do corredor central da Amazônia e são mais de 1 milhão de hectares, localizados na região do curso médio do Rio Solimões, Rio Japurá e Rio Auati-Paraná. A região desempenha um papel importante na preservação do ecossistema e na pesquisa científica, pois há ali o Instituto Mamirauá, organização social fiscalizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação que também atua como unidade de pesquisa, manejo e desenvolvimento social do local.

E é possível visitar o maior ecossistema do mundo sem contribuir para sua destruição.

 

Uakari Lodge

Na poesia pronta que a floresta inundada oferece, se localiza o Uakari Lodge, uma acomodação fruto de uma parceria entre o Instituto Mamirauá e as comunidades nativas da reserva. “Hoje essa relação é mantida de diversas formas, mas a principal se dá pela Associação de Auxiliares e Guias de Ecoturismo de Mamirauá – AAGEMAM, associação que foi criada pelas comunidades locais para representar seus interesses, recrutar e qualificar novos trabalhadores e ser contratada pela Uakari Lodge para fornecer a mão de obra necessária para a operação da Pousada. 

O Lodge é gerido pela população nativa com ajuda do Instituto: gerentes, guias locais, empregadas domésticas, cozinheiras, auxiliares e zeladores são, em sua maioria, pessoas que fazem parte da comunidade ribeirinha. Com isso, a renda gerada é destinada à preservação dos recursos naturais e das comunidades locais. A Pousada recebe turistas do mundo inteiro que se hospedam em habitações de estrutura flutuante e são guiados em atividades por quem realmente conhece a floresta. 

Dessa maneira, o turismo é, ali, base para o desenvolvimento da população local e das pesquisas. Por isso, a Uakari é considerada um empreendimento modelo no Brasil: de pensamento e execução ecológica e sustentável, para e junto a quem é dali.

O cuidado sempre presente

Há diversos estudos desenvolvidos em parceria com o Instituto Mamirauá que medem os impactos sociais, econômicos e ambientais do ecoturismo na Reserva Mamirauá, tanto para as comunidades locais quanto para a biodiversidade”, conta Gustavo Pinto, gerente de marketing da Pousada. 

Para ele, é difícil relatar todos os impactos medidos e resultados alcançados desde o início da Pousada, em 1998. No entanto, em estudo realizado para seu mestrado, Gustavo chegou a um número: entre 2008 e 2017, a Uakari Lodge gerou R$3,5 milhões em impactos financeiros diretos para as comunidades da Reserva Mamirauá, para cerca de 80 famílias distribuídas em 11 comunidades diferentes. 

Em 2020, em meio a pandemia de coronavírus, a Pousada Uakari se manteve fechada. A decisão foi tomada visando respeitar a população ribeirinha e evitar contaminações. “Neste meio tempo realizamos reformas estruturais na Pousada e implementamos os protocolos de Bio-segurança para a reabertura”, conta Gustavo.

A perspectiva para a retomada

 

Pousda flutuante Uacari, na reserva Mamirauá.

Pousada flutuante Uacari, na reserva Mamirauá. Foto: Eduardo Coelho

 

De acordo com Gustavo, acredita-se que o perfil do viajante que busca a Reserva Mamirauá para conhecer a floresta inundada amazônica e a biodiversidade endêmica irá mudar. “Até 2019, 80% do público era estrangeiro, acima dos 50 anos, viaja em família e oriundos principalmente dos EUA, Inglaterra, França, Alemanha, Holanda, Austrália, Itália. Percebemos que durante a pandemia nosso nível de procura continuou alto, entretanto agora temos 80% de brasileiros. Assim, acreditamos que o brasileiro passará a viajar mais para a Reserva Mamirauá após a retomada.”, comenta.

A Uakari é como um laboratório de pesquisa feito para atrair turistas. São 10 quartos que acomodam até 24 hóspedes. Uma vez ali, os viajantes podem realizar atividades que vão desde canoagem pela copa das árvores, trilhas, ver a flora e a fauna específicas de cada região e visitas às comunidades locais. Além disso, a Pousada oferece também programas com saídas especiais, como a imersão total para birdwatching, a viagem fotográfica e a expedição para observação de jaguar. Entre em contato com os consultores Terramundi e saiba mais sobre a experiência.

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