Uma rota alternativa para Machu Picchu mistura aventura leve, lodges confortáveis e interação com as comunidades locais.
Os viajantes que sonham desbravar o Peru mas que não são chegados em longas caminhadas e tampouco sonham acampar por dias na Trilha Inca têm se encantado pela nova Rota de Lares. Ainda que os passeios tenham a opção de incluir trekkings, pedaladas e cavalgadas, a maior parte das pessoas que vai a Lares é adepta de aventuras leves.
Estruturada em 2015, essa rota antes frequentada apenas pelos próprios peruanos tem cenários espetaculares, com picos andinos nevados, lindos lagos e vastos campos onde pastam lhamas e alpacas, mas sem um décimo do movimento de turistas do caminho inca mais famoso.
Como a viagem do Projeto TERRAMUNDI Creators buscava a essência do Peru em lugares que fugissem ao lugar-comum, a chamada Lares Adventure brilhou como a parte mais amada da viagem do grupo de criativos convidados.
Primeiramente, pelos lugares visitados sob os cuidados da Mountain Lodges of Peru. A empresa desenvolve o turismo no Vale de Lares e conduz os viajantes a passeios de van e em pequenas caminhadas ao longo de 5 ou 7 dias. Bel Coelho, Bem Gil, Flávia Aranha e Guto Requena fizeram a opção mais curta, de 5 dias.
Outra vantagem é que as hospedarias da rede Mountain Lodges estão em comunidades remotas e proporcionam experiências raras de conforto na natureza. No lodge de Lamay, além de dormir e comer com um imperador inca, o visitante pode se surpreender com lhamas pastando a poucos metros da varanda do quarto.
À noite, uma espécie de lareira ao ar livre torna-se o lugar perfeito para tomar um vinho, lembrar das aventuras do dia ou simplesmente ver estrelas.
Já no Lodge Huacahuasi, os hóspedes contam até com banheiras ao ar livre, que ficam bem na sacada do quarto e com vista para o vale. No restaurante do térreo, em meio às grandes vidraças que dão vista para os Andes, a decoração surpreende com chapéus típicos e uma divertida coleção de artesanato local tratado com uma pegada contemporânea.
Para colorir ainda mais a experiência, no Huacahuasi os viajantes são recebidos por funcionários vestidos com roupas típicas do dia-a-dia. A chef Bel Coelho chegou inclusive a cozinhar com o staff do restaurante. “Foi um prazer fazer a quatro mãos com ela um ceviche de batata com tomate de árvore e guacamole”, contou orgulhoso o chef da casa, Hipólito Huaman.
Foi a chance de os viajantes aproveitarem para experimentar as espécies de batatas – bem diferentes das existentes no Brasil – que tinham sido colhidas pouco antes na companhia dos agricultores do povoado de Viacha.
A inclusão social por meio da interação com os forasteiros é uma das bandeiras do Mountain Lodges of Peru. “A comunidade nos cedeu a terra para construir o hotel Huacahuasi e recebe, em troca 25% do lucro dos lodges, ,além dos empregos gerados”, exemplifica Andrés Adame, um dos guias e membro do staff da empresa.
A parceria com a comunidade abre caminho para que os viajantes possam ter experiências como a visita à vila de tecelãs em Choquecancha ou a caminhada na roça com os plantadores de batatas em Viacha.
Na passagem por Viacha, o grupo ainda teve a chance de comer a comida local preparada em um forno tradicional. E, ao final da refeição, desceu para conhecer as ruínas de Pisac, no Vale Sagrado, por um caminho cênico e sem turistas.
Em outro ponto da viagem de van, a parada foi em Ankasmarka, um centro arqueológico repleto de construções circulares que funcionavam como celeiros onde os incas armazenavam alimentos. A última parada da rota foi em Ollantaytambo, onde o grupo embarcaria para a viagem de trem a Machu Picchu.
Ao visitar ruínas e comunidades em pontos distantes de Cusco, quem viaja com a Mountain Lodges tem a chance de cruzar crianças e adultos nas suas rotinas de estudantes, artesãos, agricultores ou pastores. Assim, conhecem o Peru mais tradicional, e a vida como ela é no desconhecido e fascinante Vale de Lares.
Texto Daniel Nunes
Fotos Victor Affaro