Os viajantes do Projeto Creators listaram como planejar bem os dias de viagem na região de Cusco e do Vale Segredo.
- Reserve com antecedência se quiser fazer a Trilha Inca
Foi-se o tempo em que o viajante podia simplesmente desembarcar em Cusco, contratar um serviço de uma agência local com guia e carregador de bagagens para encarar a trilha inca no dia seguinte. A chamada “Trilha Inca” clássica, que liga Ollantaytambo a Machu Picchu em 4 dias, ficou tão pop que permite apenas 500 caminhantes entrando a cada dia na rota de 45 quilômetros. Requer reserva antecipada de vários meses e custava em abril de 2016 pelo menos 400 dólares. Mas é uma experiência marcante para os amantes das longas caminhadas – além de permitir conhecer andarilhos do mundo todo.
- Considere encarar uma trilha inca alternativa
Não fez reserva para a Trilha Inca clássica e quer caminhar longamente entre vales, lagos e montanhas andinas por outros dos 30 mil quilômetros de trilhas que os incas abriram por seis países latinos há mais de 400 anos? Considere três opções especiais a partir de Cusco e arredores:
- Vale de Lares – é a rota que os viajantes do Projeto TERRAMUNDI Creators fizeram com a Mountain Lodges of Peru. Percorre-se paisagens supercênicas visitando povoados não-turísticos riquíssimos em tradições. Os pequenos grupos podem escolher curtos bate-e-voltas por quantas horas quiser a cada dia, já que a maior parte do roteiro é percorrida em vans tão confortáveis quando os lodges disponíveis para pernoite ao longo de 5 a 7 dias.
- Salcantay – encanta especialmente aqueles montanhistas que não se importam de andar muito para chegar aos cenários mais espetaculares. Paisagens acima de 4.000 metros de altitude costumam ser percorridos em 5 dias – e também com o conforto das hospedarias do Mountain Lodges of Peru.
- Dormir no Vale Sagrado é imersão no Peru original
Cusco é uma das grandes cidades coloniais mais charmosas e cosmopolitas da América. Águas Calientes sucumbiu ao turismo e virou um amontoado de lojinhas onde estrangeiros pernoitam por uma só noite no caminho para Machu Picchu. Para pernoites mais autênticos e para conhecer a vida como ela é no interior do Peru, melhor é dormir nos povoados isolados no Vale Sagrado. Urubamba foi nossa escolhida – especialmente pela oportunidade de conhecer o Sol y Luna Lodge & Spa, da francesa Petit Miribel, e a escola Sol y Luna, onde ela realiza um inspirador projeto social com as crianças carentes da região. Em tempo: é possível ir de trem diretamente de Urubamba para Águas Calientes:
- Inclua Choquecancha no passeio pelo Vale de Lares
São tantas as opções de rotas, caminhadas e povoados a visitar com a Mountain Lodges of Peru no Vale de Lares que o viajante fica em dúvida de qual é mais legal. Dos lugares que visitamos e mencionamos nos posts anteriores, nenhum emocionou mais nosso grupo do que Choquecancha. Além de parecer parado no tempo, em uma paisagem andina típica a 3.600 metros de altitude, ele abriga a comunidade de artesãs comandada por Maria Quispe Vetancur – que por si só já vale a visita.
- Aprecie Cusco com calma – e cuidado com a altitude
Localizada a 3.399 metros de altitude, Cusco dá uma canseira em quem pousa, especialmente nos primeiros dias. Tome chá de coca para combater os efeitos do soroche, o ‘mal da altitude’ e dê tempo ao tempo. É recomendável ter ao menos uns três dias para percorrer suas ruas, seus mercados, seus museus. E para conhecer a comida peruana em bons restaurantes como o Chicha e o El Mercado, que foram alguns onde os viajantes do TERRAMUNDI Creators comeram. A vida noturna pulsante também merece uma conferida.
- Mesmo cansado, não deixe de ir a Sacsaywaman
Ainda que os tours pelo Vale Sagrado no entorno de Cusco já tenham te levado a maravilhas da arqueologia andina como Pisac, Ollantaytambo e Moray, não subestime as ruínas mais próximas da antiga capital inca. Vizinha de Cusco, Sacsaywaman concentra grandes pedras incrivelmente encaixadas e é considerada pelos arqueólogos um dos lugares mais importantes do Peru. Não por acaso, é o coração das celebrações do Inti Raimi, a Festa do Sol, que acontece todo mês de junho.
- Trem econômico, panorâmico ou de luxo?
De Cusco para Machu Picchu, o viajante precisa pegar um trem até Águas Calientes – o povoado aos pés da montanha onde está Machu Picchu. Na hora da reserva, tenha em mente que há três tipos de trem. O Expedition, mais econômico, o VistaDome, com teto e amplas janelas panorâmicas de vidro, e o luxuoso Hiram Bingham, da rede Belmond, que mima os passageiros com pisco souers, vinhos e boa música ao vivo. Dá para fazer como nós e percorrer a perna de ida com um trem e o trecho de volta com outro. Outra opção é parar ou até pernoitar na estação de Ollantaytambo, que fica entre a estação de Cusco (chamada Poroy) e a de Águas Calientes.
- Machu Picchu com arqueoastrônomo – e logo de manhã
Bem localizada entre montanhas lindas e o Rio Urubamba, dona de uma arquitetura preservada e cheia de energia misteriosa. Assim é Machu Picchu. E por ser o que é, montes de turistas querem estar lá tanto quando você e podem estragar a sua foto se a visita a Machu Picchu acontecer nos horários de pico. Para uma experiência mais contemplativa, acorde bem cedo e saia de Águas Calientes para Machu Picchu em uma das primeiras vans da manhã, por volta das 5h30. O amanhecer ali é lindo. Para se encantar ainda mais com as lendas de Machu Picchu, contrate um bom guia. O nosso, o chileno Andrés Adasme, nos surpreendeu com as teorias surpreendentes da arqueoastronomia. Ter um bom contador de histórias em um lugar especial como esse faz toda a diferença.
Texto Daniel Nunes
Fotos Victor Affaro