Degustando a vida

Grande parte dos turistas que visita a Cidade do Cabo faz apenas um bate-e-volta à Região dos Vinhos, a uma hora dali. Ainda que as cênicas estradas sul-africanas convidem a belas road trips, fazer isso nas Winelands traz dois inconvenientes: não poder se render às degustações à vontade (afinal a lei seca para quem bebe e dirige é rígida na África do Sul) e ter de voltar para a cidade grande justamente quando o bucolismo do interior se faz mais encantador.

 

Com motoristas à disposição e duas noites para relaxar entre os vinhedos e as montanhas, os viajantes do Projeto TERRAMUNDI Creators puderam curtir esse trecho da viagem sem pressa – o que se mostrou um ótimo descanso entre os tantos estímulos urbanos de Johannesburgo, onde começou a jornada, e a Cidade do Cabo, terceira e última base da exploração. Com mais tempo, puderam entender melhor a rotina dos moradores locais e experimentar um pouco do seu estilo de vida.
Ainda que aquelas terras de bela luz e clima ameno produzam boas uvas no entorno do Rio Breede desde o século 17, só recentemente forasteiros do mundo todo descobriram o prazer de se hospedar em seus hotéis-vinícola e descobrir essa surpreendente nova meca gastronômica do país. Programas como pedaladas e caminhadas pelas montanhas são passeios corriqueiros por ali.

 

Na vinícola Reyneke, uma das visitadas pela somelière Helena Mattar, chamou a atenção o fato de o proprietário, Johan Reyneke, ter uma roupa de neoprene pendurada no varal. O mistério foi rapidamente esclarecido: Johan é um jovem surfista que escolheu ter como base as Winelands, mesmo estando a cerca de um hora do litoral. Surpreendente foi saber que ele não é o único. Existe até um campeonato de surfe só para vinicultores da região.

 

 

Como se não bastasse comer o que planta, respirar ar puro e praticar esportes ao ar livre, Johan escolheu produzir apenas vinhos orgânicos e biodinâmicos, que não levam agrotóxicos e respeitam, para plantio e colheita, os ciclos da natureza como as fases da lua e as estações do ano. A fazenda trabalha em nível de excelência também para produzir os próprios compostos orgânicos a partir do esterco do gado que vive solto e do reaproveitamento da poda de suas videiras.
Jessica Garlick, vinicultora assistente da Reineke e que recebe os visitantes para degustação, também não escondia sua paixão pelo ofício. E se orgulhava das mãos avermelhadas pela lida com as uvas Chenin Blanc, Sauvignon Blanc, Shiraz e Cabernet sauvignon que enchiam de sabor os vinhos que Helena e outros viajantes da trupe provaram. E aprovaram.

 

 

 


Texto Daniel Nunes & Fotografia Victor Affaro

 

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