Às crianças do Vale Sagrado

Uma francesa praticante de paraglyder está melhorando a vida do povo de Urubamba. E a experiência dos viajantes.

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Seu nome é Marie-Hélène Miribel, mas todo mundo em Urubamba, povoado a 1 hora de Cusco, conhece essa inquieta loira de 48 anos como Petit. Desde que trocou a França pelo Peru, 20 anos atrás, deixando de lado a confortável rotina de economista do ramo da mineração pelo desafio de levar qualidade de vida à população carente de seu novo lar, Petit tem transformado realidades.

 

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Basta visitar o Sol y Luna Colégio Intercultural, que ela criou e capitaneia nesse distrito de 2.700 habitantes, para entender a dimensão da iniciativa e encher-se de inspiração.

 

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Não é difícil chegar ali. Quem viaja para Cusco e Machu Picchu quase sempre passa por Urubamba ao explorar outras ruínas do Vale Sagrado dos Incas, como as de Moray – com suas fotogênicas linhas circulares.

 

Ruínas de Moray: uma das paradas de quem explora o Vale Sagrado dos Incas

Ruínas de Moray: uma das paradas de quem explora o Vale Sagrado dos Incas

 

Na escola, 184 crianças filhas de camponeses locais estão matriculadas, sendo que cerca de 10 delas são portadoras de necessidades especiais. Graças à Fundação idealizada por Petit para angariar fundos, a escola Soy y Luna pratica um ensino de qualidade, com atividades paralelas como arte, circo e teatro, além de cursos de inglês e de quéchua, a ameaçada língua nativa dos incas.

 

Petit Miribel no Sol y Luna Lodge Spa

Petit Miribel no Sol y Luna Lodge Spa

 

“Nunca me conformei com as injustiças do mundo e resolvi fazer dessa a minha causa de vida”, contou Petit aos viajantes do Projeto TERRAMUNDI Creators durante a visita do grupo, que fez em Urubamba sua primeira parada no Vale Sagrado peruano depois das boas surpresas urbanas de Lima. “Há lugares que te chamam, e decidi me entregar ao chamado de Urubamba.” Petit foi ao Peru para voar sobre as montanhas andinas na companhia do marido, o arquiteto suíço Franz Schilter, responsável pela introdução do paraglyder no país. A dupla nunca mais saiu dali.

 

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Gramado central do hotel Sol y Luna: a poucos metros daquela que se tornou a melhor escola do Vale Sagrado

 

 

Para que sua escola não dependesse só de doações, Petit e Franz decidiram criar, 16 anos atrás, uma hospedaria rústica para viajantes que quisessem uma opção menos turística que a maioria dos hotéis próximos a Machu Picchu.

 

Uma das 43 "casitas" do Sol y Luna: painel do artista peruano Federico Bauer

Uma das 43 “casitas” do Sol y Luna: painel do artista peruano Federico Bauer

 

Deu certo. O Sol y Luna Lodge Spa caiu no gosto dos estrangeiros dispostos a contribuir socialmente com o Peru, ganhou um conforto ímpar nas 43 “casitas” para hóspedes e acabou se tornando integrante da seleta rede Relais&Châteaux.

 

Uma curadoria minuciosa de arte popular peruana em cada habitação

Uma curadoria minuciosa de arte popular peruana em cada habitação do hotel Sol y Luna

 

Bono Vox, líder da banda irlandesa U2, é um dos que se engajou na causa de Petit, se hospedando ali com a família mais de uma vez. Os hóspedes costumam se surpreender com a imenso jardim, habitado por no mínimo 45 espécies de aves.

 

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Outro ponto alto é a delicada curadoria das obras de arte popular peruana expostas nas suítes – que incluem desde os murais coloridos de Federico Bauer até los toritos de Pucara, assim como os bonecos gordinhos e bancos artesanais de Ayacucho.

 

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Banheiro da suíte com detalhes dos bancos de Ayacucho e flores de papel ao estilo colonial espanhol: padrão Relais&Châteaux

 

Para terem uma imersão cultural ainda maior, os hóspedes do Sol y Luna podem ir ao mercado com o chef Nacho Selis para comprar os ingredientes do jantar, como fez a chef Bel Coelho.

 

Bel Coelho e o chef Nacho Sellis no Mercado Central de Urubamba: intercâmbio

Bel Coelho e o chef Nacho Selis no Mercado Central de Urubamba: intercâmbio

 

Outra opção disponível aos hóspedes é se voluntariar para brincar ou praticar inglês com a criançada. Visitar a escola, que fica bem em frente ao hotel, é um programa que vale bem a pena. Pode-se ajudar também comprando o belo artesanato do hotel. Dessa forma, todos que têm a chance de conhecer o trabalho de Petit também colaboram para a melhoria das condições de vida das crianças do Vale Sagrado.

 

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Texto Daniel Nunes

Fotos Victor Affaro 

 

 

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